Ser amigo é assumir livremente, sem preconceitos ou temores, a nossa gritante e efémera humanidade, e aceitar/respeitar integralmente, a humanidade dos outros, no que quer que ela tenha de forte ou vulnerável, de diferente ou semelhante, de especifico, ou genérico…
Ser amigo é ser companheiro em todas as horas, nas vitórias e nas derrotas, nos bons e nos maus momentos. É entender intuitivamente toda e qualquer linguagem, incluindo os códigos do silêncio, apenas pelo recurso aos olhos, à alma e ao coração. É estar sempre próximo – mesmo quando se está fisicamente distante – e saber, como ninguém, fazer a ponte entre duas ou mais ilhas de dor, de tristeza ou de solidão.
Ser amigo é perceber, na essência, o conceito de gratuitidade do gesto subjacente ao acto de partilhar. É saber que partilhar é muito mais do que um verbo, que implica confiar e conceder, sem esperar retorno. Apenas pelo gosto/vontade de o fazer. Apenas pelo que nos apraz o bem-estar que sabemos causar ao outro. De contrário, tem-se uma relação tácita de poder. E damos, simplesmente, para ficar com o outro na mão, para em algum momento, lhe exigirmos que nos devolva o que lhe demos, na forma que pretendemos. Neste sentido, a partilha é uma acção genuína e generosa, de reciprocidade e harmonia, não pressupõe o recurso abusivo do amor e da amizade como subterfúgio para atingir qualquer tipo de benefício próprio, a despeito dos sentimentos alheios.
Ser amigo é ser próximo, não é estar perto. É sentir, pressentir e estar em inteira sintonia e cumplicidade. É estar em comunhão. Não que se espere concordância, em permanência, mas que se saiba, ouvir quando é preciso ouvir, calar quando é preciso calar e acima de tudo, respeitar e aceitar a individualidade de cada um, as suas diferenças e discuti-las abertamente, com lisura e elevado sentido ético, sem qualquer tipo de ideia preconcebida, falso moralismo ou juízo de valor.
Ser amigo é… estar sempre presente; é semear esperança, confiança, paz, harmonia, verdade…
Nenhum comentário:
Postar um comentário