sexta-feira, 2 de abril de 2010

sem esperança




Não tenho a pretensão de que me entendam.
Não tenho sequer a vã ilusão,
de que um dia isso aconteça.
Sou um ser estranho nesse mundo.
Passo entre as pessoas,
vivo nos lugares,
mas não me encaixo,
não acho sentido algum,
em ficar parada,
em estar presente.
Tudo ao redor gira,
e eu imagino porque só eu
vejo a rotação
Seres como eu deviam nascer mortos.
Porque pior do que morrer,
é se sentir morto todos os dias.
Não encontrar um rosto conhecido,
enxergar em tudo um abismo.
Não posso pensar que há em um canto
alguém que entenda o que é se sentir tão diferente,
como se tudo mudasse de lugar do meu lado,
como se tudo virasse o oposto,
e perdesse o sal,
perdesse o rosto.
Se sobrevivo,
é porque minha penitência é grande.
E sigo só.Ainda que acompanhada.
E por vezes me escondo de mim,
me fecho em mim mesma,
e ainda assim me vejo,
me acho,
me encontro quando queria
não mais me ver.
Não tenhoa pretensão de que me entendam.
Porque não posso querer que outra alma,
seja tão perdida quanto eu.
Fabricia Rodrigues


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